domingo, 31 de março de 2013

História de E.T



Sempre que algum objeto desconhecido no céu é visto,  pessoas desesperadamente tentam registrar o momento. O que não foi diferente com Manny, que por sua sorte, no segundo que ligou sua câmera e começou a fazer suas filmagens diárias de andorinhas mexicanas, avistou o tal objeto. No início pensou que fosse sua mulher, pela forma gelatinosa  e desproporcional, até deu um tiros no objeto, sem sucesso.

Manny pegou o primeiro veículo que viu pela frente e perseguiu o objeto. Até notar que estava chamando muita atenção por estar perseguindo um OVNI montado em um triciclo.

Tentou apontar para as pessoas o objeto, mas, tudo o que viam eram nuvens e pombos. Sem dar muita atenção a elas, continuou indo na direção aonde o objeto ia. Manny pensou estar louco, porque conhecidentemente quando ele parava, o objeto também entrava em repouso. Sentava, e o objeto também ia para baixo, fechava os olhos e o objeto desaparecia.

Algumas horas se passaram e Manny estava exausto. Andou mais alguns metros e sentou-se em um banco no meio da cidade.O banco quebrou e Manny caiu, sua câmera tombou filmando o seu rosto. Até que viu na lente de sua câmera uma mancha, e percebeu que perseguiu por horas um ponto de cocô que uma das andorinhas mexicanas  expeliram.

A última vez que Manny sentiu aquela euforia, foi quando sua mulher dissera que se submeteria a uma dieta rigorosa, onde passaria a comer dois pratos no almoço ao invés de três e apenas uma barra de chocolate em épocas de TPM, e assim, dentro de alguns anos poderia perder  três quilinhos.

Sem mais confiar em sua própria mente, não acreditou ao chegar em casa, e encontrar um vídeo alienígena holográfico, informando que levaram  sua mulher para experimentos no ramo de bovinos. E que o seu gás estava perto de acabar.

Fatos inexplicáveis como o de Manny, acontecem constantemente, não com você, nem comigo. Mas pelo que dizem, acontece. A senhora Marnie Blue, de 83 anos, que trava uma grande luta contra o Mal de Alzheimer todos os dias, vestindo uma luva de boxe, contou ao delegado encarregado que vira uma luz laranja acender e apagar dentro de sua geladeira e que depois apareceu repentinamente no céu noturno piscando incrivelmente rápido em formas de estrelas.

A coincidência do depoimento ser colhido bem após  a senhora Blue, tomar todos os remédios para dormir juntamente com os antidepressivos, pareceu não influenciar a decisão da delegacia, que imediatamente enviou 4 guardas para vigiarem o local com chapéus de papel alumínio.

Sempre pareceu surgir a dúvida nas pessoas com tempo livre sobre as possíveis missões secretas governamentais norte-americanas, para as investigações de seres extraterrestres. A Área 51, aos arredores do deserto de Las Vegas, sempre levantou questões e teorias a cerca do tipo de trabalho realizado por lá.

Em 17 de Janeiro de 1964, o físico nuclear, Dr. Normam Bates, que trabalhou na área 51, foi expulso, por se esconder nos banheiros fantasiado de ET, provocando sustos em seus colegas.

Em texto retirado de sua biografia, intitulada, Eu, Margarida e dois extraterrestres o Dr. Bates declara: “Quando fui trabalhar lá, não sabia do que se tratava, eu e mais 8 cientistas estudávamos formas menos cansativas de estender roupas, quando ví esse outro grupo de indivíduos cinzas e aparentemente felizes caminhando, acompanhado por mulheres, com um dispositivo que as impedia de falar, a princípio pensei estar lidando com tecnologia terrestre altamente desenvolvida. Conforme fui analisando a eficácia do dispositivo, notei que aquilo não poderia ser feito por um humano, apenas por um alienígena.” 

Em nota oficial, o presidente dos EUA esclareceu: “Não possuímos qualquer evidência que aponte para a existência de vida extraterrestre em nosso planeta. Talvez exista em qualquer lugar do universo, mas aqui não.”


O Dr. Bates, recentemente foi encontrado distribuindo panfletos nos sinais, se equilibrando sobre pernas de pau, -habilidade que adquiriu no circo, depois de sua expulsão da área 51. Em seu horário de almoço, O Dr. Bates divulgou na imprensa o relatório secreto do governo russo que tinha roubado, sobre uma possível aparição de seres de outros planetas.

O relatório continha a seguinte informação: “Cientistas retiraram amostras do local que comprovam a presença de marcas de fogo na grama, juntamente com pedaços de madeira e vidro. Através do testemunho de algumas pessoas, a equipe russa Knicov, disse que a comunidade científica ainda esta dividida, não sabendo se o incidente trata-se do pouso de um grande veículo voador equipado com tecnologia de propulsão superior à utilizada pelo ser humano, ou um churrasco feito por indivíduos ainda desconhecidos.”

O que causou grande furor na população.

sábado, 30 de março de 2013

The jockey

A não ser pela sua ex-mulher, alguns amigos, parentes e colegas de trabalho, ninguém prevê que você subitamente morra. Como foi o caso do jóquei de 45 anos, John Ferguson, no dia 17 de Abril de 1972.

Uma semana antes de sua última corrida, Ferguson comemorava sua aposentadoria das corridas com cavalos, para se dedicar ao boxe com cangurus. Toda a sua vida fora regrada, desde sua dieta até se acordar pela madrugada para forrar a cama que estava dormindo.

Sua mulher, a senhora Charlotte Newton, que sofria de uma rara condição denominada gordorexia, achava normal e até elegante, comer um frango inteiro.

Ferguson, nunca tinha traído a Sra. Newton, o máximo que tinha chegado perto de outra fêmea, foi quando fez o parto da égua de seu cavalo.

O sexo entre Ferguson e a Sra. Newton era rotineiro, ele deitava na cama e ela cavalgava em cima dele comendo um pacote de salgadinhos de queijo. Ela era do tipo segura de si, outras pessoas a caracterizavam como mandona, outros como uma imbecil.

Com 50 anos, bronzeada, um rosto de forma oblonga, cabelos grisalhos e curvas perigosas para qualquer suicida, a Sra. Newton era uma verdadeira oportunista. Casou-se com Ferguson, porque diziam que ele seria um grande campeão de corridas de cavalos. Entretanto, Ferguson nunca ganhou uma corrida sequer. Já terminou as provas em todas as posições possíveis, até na fetal choramingando, mas nunca em primeiro lugar.

Com eterno desapontamento, ela descontava todas suas frustrações de uma dona de casa, em Ferguson, que se escondia debaixo da cama e sofria calado.

“Você tem de dar uma lição naquela mulher, John”, ela come mais que seu pai, por Deus. Ela é tão gorda que comeria a internet”! Exclamou sua mãe. “Você é um fraco, verme e o pior jóquei que conheço. Se eu tivesse coragem arrancaria parte do meu cérebro para esquecer que você é meu filho”. Disse seu pai.

Depois dos incentivos, Ferguson ficou depressivo. Começou a ter sonhos esquisitos. Em um deles, ele era um detetive de dupla personalidade que perseguia a si mesmo.

Durante o dia, era um respeitado delegado de aparência rígida. Ao cair da noite, fantasiava-se de Pernalonga e corria gritando: ‘‘O que é que há, velhinho” em asilos. Em um outro era um amante judeu de Eva Braun.

Nos últimos dias antes da corrida, Ferguson tinha sumido. Ninguém sabia onde encontrá-lo. “Talvez esteja embaixo da cama”. – Alguns comentavam. Dias se passaram e ninguém sabia onde ele havia se metido.

Horas antes da corrida, já nos preparativos finais, a Sra. Newton com uma asa de galinha na mão, grita da platéia para o nada, “Ferguson, seu desgraçado, cadê você”.

Ao longe no horizonte, surge uma silhueta mal desenhada de um jóquei cavalgando, mas sem um cavalo. Tipo um “Air guitar” equino. Era Ferguson, agora com os cabelos assanhados e um rosto rosado, gritando slogans de companhias telefônicas. Visivelmente bêbado, acena para a platéia, que retribui mostrando-lhe a língua e atirando maçãs.

Nervoso e desorientado sobe em seu cavalo, desta vez de costas segurando o rabo do animal.

Quando o juiz dá o tiro anunciando a largada, Schopenhauer, seu cavalo, entra em disparada como nunca, ultrapassando, quase todos os outros cavalos, exceto por um, Hegel, seu grande inimigo, que sempre o vencia. Nos primeiros metros, Ferguson juntamente com Schopenhauer, permanecem em segundo lugar, por quase um pênis de cavalo de diferença, até que diminuem a diferença para o de um humano. Ferguson, eufórico com o progresso, começa a sentir palpitações aceleradas no coração e sentir-se mal. Na metade da prova, a uma velocidade incrível, Hegel e Schopenhauer parecem estar correndo ao mesmo tempo os mesmos metros sem diferença alguma.

Toda a agitação, a narração rápida do locutor e o grito escandaloso da torcida e da Sra. Newton, perdem toda a atenção e emoção para presenciar a queda de Ferguson do cavalo, que ecoa o barulho por todo o estádio, causando “OH’s” de surpresa e agonia . Ferguson tivera um ataque cardíaco, bem no meio da corrida e caíra morto. Mas isso não parou Schopenhauer que ultrapassou Hegel relinchando críticas e insultos, definindo o estilo de seu oponente como digno de loucos e atrasados mentais do hospício.

Por fim, Schopenhauer – O cavalo de Ferguson, cruza a linha de chegada como primeiro colocado e vence a corrida, para a perplexidade de todos os presentes no estádio. Sartre, o narrador, exclama que todo vencedor nasceu para ser derrubado, referindo-se a Hegel, e anuncia a controversa vitória de Ferguson e Schopenhauer.

A Sra. Newton ficou felicíssima, com a morte de seu marido, e todo o dinheiro do prêmio que iria passar a ter posse. O que a esposa de Ferguson, não esperava, era que ele tinha ido ao parque de diversões, passeado na roda gigante e depois ido ao cartório bêbado, deixando todos os seus bens para seu fiel cavalo. A Sra. Newton ficou extremamente surpresa com a notícia, mas como era de sua natureza oportunista, se casou com o cavalo, numa cerimônia com humanos e eqüinos presentes, champanhe e fenos por todos os lados. Aproveitando seu dinheiro e jeito tranqüilo. A Sra. Newton agora cavalgava nele por todos os campos abertos de grama verde, desta vez, cavalgando de uma forma diferente.


Cartas para escrever antes do suicídio. Ou depois. pt.3


Comecei a ver fantasmas. No início via apenas algumas coisas de formas orgânicas e não muito definidas. Com o passar do tempo, numa espécie de desenvolvimento da minha técnica, pude ver mais clara e nitidamente, que o fantasma possuía forma de uma pessoa inexpressiva, com muita dor, e segurava um prato com um pedaço de bolo de chocolate.

Depois de olhar mais de perto, descobri que era minha namorada.

Devo ter começado a ficar louco. Minha namorada nunca comeria apenas um pedaço de bolo. Muito menos um de chocolate sem cobertura e recheio.

Talvez  um com  400.000 calorias que logo se acumulariam em sua indústria de gordura falida e entregue aos farrapos, que até um tempo atrás ela, e até eu, veja bem, chamávamos de barriga.

Não posso sucumbir à loucura em minha existência. Não agora que estou tão perto do divórcio. Mas afinal, o que farei? Cravar uma bala bem no meio dos meus olhos? Estourar meus miolos moles e rosados? Não. Talvez Lynch tivesse uma idéia melhor sobre o meu fim do que teve sobre Twin Peaks.

Meus dias passaram de completa apatia para desenfreada loucura. Infelizmente não consigo me dar com esse tipo de realidade. "O que são essas coisas que os jovens estão fazendo hoje em dia? E porque tanta passividade dos mais velhos?" Viu? É por esse tipo de pensamento retrógrado que acho que devo parar de respirar. Talvez faço um favor a todos dessa humanidade quando me desculpo por minhas escolhas e ações. Minha vida sem perspectiva e falta de imaginação.

Agora devo me organizar para jogar-me na frente de um metrô com trilhos enferrujados e ninhos de ratos que fazem um chiado de qui...qui... E espero que de alguma forma, minha alma possa ir para outra dimensão onde terei uma segunda chance de me tornar o que sempre sonhei. Um adestrador de golfinhos no sea world.

Cordialmente,
Clóvis.

Cartas para escrever antes do suicídio. Ou depois.


Querida família e amigos,

Venho por meio desta, informar a todos vocês que estou morto, como podem ver. Não pensem que foi uma decisão impulsiva. Na verdade, venho planejando meu último ato há 14 anos, depois que todos nós encontramos a titia Dulce se masturbando com a ponta da mesa, enquanto encarava um pôster do Pavarotti.

Passei a encontrar muitos paradoxos na vida, mentiras e até mesmo pelos crescendo em minha orelha. Tentei achar respostas para minhas perguntas. A ciência não me respondeu muito menos a religião, mas sim Mark Twain quando disse “Vamos agradecer aos idiotas. Não fosse por eles não faríamos tanto sucesso.” Já que não fiz nenhum sucesso na vida, vocês sabem em qual classe me vejo agora.

Minha vida anda em uma crise progressiva com os objetos inanimados ao meu redor. Outro dia, não sei se vocês se recordam, minha geladeira estava com um problema de resfriamento. Eu pedi para a vovó me pegar um pouco de suco e ela passou quatro horas para retornar, porque tinha ficado congelada. Quando me dei conta que ela não tinha voltado fui até a cozinha e fiquei chocado. A porta da geladeira ficou aberta por quatro horas consecutivas. Deixo a conta de energia para todos vocês pagarem.

E minhas namoradas? Ah, minhas na-mo-ra-das. Na verdade vocês não conheceram nenhuma delas. Por isso talvez estejam tão surpresos, já que todas habitavam apenas o mundo virtual da internet.


Minha primeira decepção amorosa foi com F. Conversas maravilhosas e muito divertidas e até picantes em certas ocasiões recheavam nossos diálogos. Tudo se ruiu após exatos quarenta minutos quando F. se revelou através da web cam como Frederico e não Flávia.

Depois conheci Katy, uma linda garota, com ótimo senso de humor e bastante agilidade em se expressar através do corpo, como pude ver de antemão pela imagem de sua câmera. 


Alguns dias se passaram e eu estava apaixonado. Perdidamente apaixonado. Decidi pedir o telefone de Katy e liguei. Para mais um delicioso acaso do cosmos Katy era uma surda-muda. O que me aliviou bastante quando a xinguei de vagabunda mentirosa e de mamilos gigantes, pelo telefone. Ela respondeu através do computador com um, “Não escutei direito o que você falou, pode repetir por aqui?”

Não pensem que sou um insensível, ou preconceituoso com os deficientes, isso realmente eu não sou. Mas quando você revela que passou algum tempo com uma pequena gonorréia, espera algumas verdades de sua companheira.

A vida é totalmente sem sentido e objetivos, assim como ciências contábeis e seus respectivos contadores. Quero por um fim nesse beco escuro que fui colocado sem minha permissão onde no fim você não sabe o que diabos está acontecendo, que vocês chamam de existência.

Espero que vocês não se choquem quando me encontrarem enforcado na frente de nossa casa com a pichação no muro que fiz com o escrito. “Isso foi culpa de todos vocês”.
                      

    Com muito amor, de seu eterno parasita sem emprego, Jim.