quarta-feira, 15 de maio de 2013

Meninas

Góticas

Sonham com as trevas, escuridão, relâmpagos e o Batman como mordomo, carregando uma taça de cristal com sangue borbulhando dentro, enquanto caminha por um tapete de veludo vermelho e admira seus quadros obscuros pintados por artistas suicidas.

Acordam, vão para a escola e nunca conversam com ninguém. Desejam que todos entrem no ônibus da escola e o motorista tenha um aneurisma e perca o controle do veículo, que cairia num lago de ácido. E que a menina loira de olhos azuis consiga escapar, mas apenas com metade do corpo.

Até que algum garoto esquisito peça um lápis emprestado e suas trevas tenham dificuldade de escurecer a luz de uma pequena chama que lampeja em cima da cera que cobre o seu coração.

Um dia ela irá se casar e vai ter saudades de vestir preto e dos posters de suas bandas de integrantes com maquiagem nos olhos. E pensar que as trevas lhe faziam bem.


High Heels

Ela tem plumas em sua roupa. Todos os homens a desejam e querem conhecê-la mais a fundo. Mas não do jeito que ela se conhece.

Ela se olha no espelho e acha que está mais velha. Dali a algum tempo as notas de 10 dólares não serão mais colocadas em suas roupas.

Ela termina o seu show, e lava o seu rosto, esfregando bastante, porque odeia as barbas nojentas dos caras com casacos pretos e camisas escrito “Alabama 1949”.

Quando ela chega em casa tira sua jaqueta de couro tingido e sua blusa com a estampa do Voodoo Lounge e fica escutando Bob Dylan até Morfeu fazer sua mágica e ela dormir.

Ela não gosta de dormir, prefere estar acordada. Porque assim ela pode sonhar mais.


Lipídeos demais

Sua personalidade é uma das mais alegremente tristes que existem. Seus cabelos, unhas, roupas e sapatos sempre estão impecáveis.

Ela come um pedacinho de bolo de chocolate e poderia ter um orgasmo se ninguém estivesse por perto. Então ela vai até o banheiro lava as mãos e chora.

Ela está triste demais, por isso se afoga em donuts como um policial em horário de almoço.

Ela só queria que tudo aquilo acabasse e pudesse transar sem ter medo de sufocar o companheiro. Depois ela disse que gostava de chupar, porque lembrava um pirulito, e já que tinha passado algum tempo desde a hora do almoço, ela não viu problema algum.

Depois chorou novamente.

Lembrou-se que “O amor é cego” era o seu filme favorito, e voltou a sorrir. Falou para si mesma que o importante era aproveitar a vida, e não iria se importar se o seu corpo não estava como o das modelos. Ela estava feliz consigo mesma por não ter que se preocupar mais com isso.

Então a veia de seu coração entupiu e ela morreu.


Patrícia

Ela só queria um pouco mais de atenção dos garotos, porque seu pai estava ocupado demais traindo sua mãe.

As meninas dizem que ela é burra e não sabe conversar, mas os garotos pouco se importavam. Ela pergunta se está linda, mas os meninos não respondem, porque suas bocas estavam babando e seus cérebros estavam paralisados registrando o decote dela, porque mais tarde, à noite, isso seria útil para eles.

Agora ela tem 50 anos. O alvo de sua vida tem forma de cifrões e ela já não é tão bonita assim. Tem medo de envelhecer ainda mais porque não suportaria ver sua vagina comparada a um maracujá.

Ela diz que nunca foi por causa do dinheiro. Apenas não queria se sentir só. Mas se tranca no quarto por várias semanas, olhando suas fotografias de trinta anos atrás desejando que seu amanhã fosse como ontem.

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